Casos Clínicos

A hérnia diafragmática caracteriza-se pela passagem das vísceras abdominais para a cavidade torácica, após a rotura do diafragma, que é o músculo responsável pela separação das duas cavidades. A hérnia diafragmática pode ser de origem congénita (quando há desenvolvimento incompleto e defeituoso do músculo) ou adquirida (nos casos de traumatismos como atropelamento, quedas, entre outros).
Os órgãos abdominais (principalmente o fígado, baço, intestino e as vezes o estômago) quando passam para a cavidade torácica comprimem os pulmões causando dificuldade respiratória.
Anamnese/ Exame Físico
O Micas entrou no hospital com história de dificuldade respiratória. O respirar de boca aberta (como vemos na imagem 1) é indicativo de dispneia grave.
Exames complementares de diagnóstico
A radiografia simples revelou perda da integridade da linha diafragmática e presença de radiopacidade de tecido mole entre o coração e o diafragma (imagem 2).
Pela forte suspeita de hérnia diafragmática, foi realizada uma radiografia de contraste com bário. Foi possível observar a presença do estômago no tórax, permitindo o diagnóstico definitivo de hérnia diafragmática (imagem 3).
Imagem 2 - Radiografia de contraste
Tratamento
A herniorrafia é uma cirurgia que consiste no reposicionamento dos órgãos herniados e na reconstrução do diafragma.
Durante a cirurgia foi possível observar que o fígado, baço, estômago e intestino estavam herniados. Através de tração suave os referidos órgãos foram recolocados na cavidade abdominal.
O defeito diafragmático foi suturado impossibilitando assim a comunicação da cavidade abdominal com a cavidade torácica (imagens 4 e 5).
Por fim, procedeu-se a drenagem do pneumotórax (acumulo anormal de ar entre o pulmão e a pleura), secundário à resolução cirúrgica (imagem 6).
Imagem 5 - Herniorrafia
Imagem 6 - Drenagem do pneumotórax
Pós-cirurgico
Foi realizado um raio-x de controlo (imagem 7) onde se observa integridade da linha diafragmática e da silhueta cardíaca. Os lóbulos pulmonares são agora visíveis.
O Micas permaneceu internado a fazer fluidoterapia e medicação por via endovenosa. Teve alta 24 horas após a cirurgia com medicação por via oral (antibiótico e anti-inflamatório).